Bons ares da Madeira

Clube Sport Marítimo 0-5 SLB
Foi uma vitória sem espinhas, mas num jogo cuja qualidade não esteve à altura que estes números parecem indicar.
Diga-se, mesmo, que a nossa exibição não acompanhou a marcha do marcador, dados os incidentes do jogo, e as dificuldades que os nossos adversários acabaram por sofrer, mas nada põe em causa a justiça deste triunfo.
Confesso que tive algum desconforto pela forma como tivemos o jogo à nossa mercê em toda a segunda parte, pois "matar caça ferida" não é coisa que me agrade, mas neste jogo os jogadores maritimistas só se podem queixar de si próprios.
O começo do jogo foi bem contrastante com o seu final, e se não sofremos um golo no primeiro lance do jogo foi porque o poste salvou um desvio inadvertido do David Luiz para a própria baliza, o que quase ia sendo o seu segundo autogolo na liga. E se começou mal, continuou pior, porque a nossa equipa nunca foi capaz de fazer o seu jogo perante o posicionamento e a agressividade do adversário, nesta fase ainda agressividade apenas competitiva.
O SLB parecia perdido em campo, e não admiraria ninguém que este jogo se tornasse um pesadelo para a nossa equipa, que a fogachos se aproximava da baliza, sempre criando pouco perigo.
Estava eu a passar as mãos pelas barbas quando, aos 25', uma jogada do Aimar - só podia... - desencantou o Cardozo livre na área. Falhou o remate perante a saída pronta de Peçanha, mas ainda teve presença de espírito para receber a bola com o peito e fazer um centro mortífero para o companheiro SAVIOLA, que perante a baliza aberta não perdoou: 9º golo no campeonato, 17º esta época.
Sem ainda termos justificado essa vantagem, passámos para a frente, e poucos minutos depois, vemos o Marítimo ficar em inferioridade numérica, quando num ataque travado em falta sobre Di Maria Olberdam vê vermelho por palavras ao árbitro. Não é frequente vermelho directo por palavras, mas não sei o que terá ele dito, e por isso não sei se foi ou não justa.
Não tardaria muito até que o segundo golo surgisse, numa grande investida do Di Maria, que toca a curta distância para MAXI, o qual concretizou à entrada da pequena área.
Nesta altura o SLB era já senhor da partida, tendo-se transferido a tremideira para os lados do Marítimo, que numa falha incrível de um dos centrais deixa a bola seguir para os pés do isolado Cardozo, após cruzamento de Di Maria. E o paraguaio só falhou porque viu - como o árbitro, e como todos - a bola ser desviada pela mão providencial de um defesa do Marítimo. Inevitável expulsão, mais um golo para a conta pessoal do Cardozo (15º na Liga), jogo decidido aos 45'.
Daqui para a frente, assistir à partida tornou-se penoso, não porque não goste de ver o SLB ganhar, como o fez com todo o mérito, mas porque o´Marítimo pouca réplica podia oferecer. Os nossos jogadores também o perceberam e respeitaram o adversário, gerindo o jogo tranquilamente.
Foi com naturalidade que fizemos mais dois golos (um por autogolo, outro graças ao Luisão), e podiam ter sido mais - por exemplo, se o árbitro tivesse sancionado penálti sobre Aimar -, mas já não valia a pena insistir, para qualquer das equipas. Curiosamente, logo a seguir ao nosso último golo permitimos uma grande oportunidade de golo, que Manú não aproveitou.
A noite era definitivamente nossa. Talvez pelo sentimento de impotência e de frustração, alguns dos jogadores do Marítimo fizeram entradas duras sobre jogadores nossos, muitas delas passaram em claro, mas por sorte ninguém aparentemente saiu magoado.
Vitória incontestável do SLB, a fazer lembrar uma outra, de 6 de Dezembro de 2008, que na altura nos deu a fugaz liderança na liga. Esta não no-lo permitiu mas, a título de curiosidade, em ambas Luisão fez o gosto à cabeça.
Já tinha saudades de uma vitória gorda, mas temos de manter os pés no chão, e tentar entrar melhor no difícil desafio em Vila do Conde.

MVP: difícil escolher o deste jogo, mas porque ajudou a desbloquear o jogo, quer pela assistência para o primeiro golo, quer pelo golo que não lhe deixaram marcar mas depois friamente converteu, Óscar Cardozo.
Abraço