O Cantinho do André

Recordação do maior amigo que tive, que foi também o maior Benfiquista que conheci. Apesar da Tua morte tão prematura, que levou um jovem, mas sobretudo um Grande Homem, a Tua vida permanecerá para sempre como uma dádiva para quem teve a sorte de Te conhecer. Agora onde os justos descansam, e livre da doença que Te tolheu o corpo mas não o espírito, eu sei que ainda vives connosco. Obrigado, e desculpa, André.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A manta está curta...

A manta está curta e retalhada, e não é com empréstimos (outra vez o Atlético de Madrid nisto?, mas devemos-lhes alguma coisa???) que a vamos remendar. Aliás, não me lembro de um empréstimo ao nosso Clube que tenha sido bem sucedido. Alguém se esqueceu da chegada triunfal de Suazo nos idos de Agosto de 2008, que vinha para ser o "salvador da pátria", mas foi um fiasco que nos custou caro (só o seu ordenado dava para adquirir um bom jogador)?
Espero que não estejamos a retroceder aos tempos do Quique. Não vale a pena entrar em depressão, muito menos agora, quando precisamos urgentemente de recuperar do orgulho ferido.
Ainda assim, os Benfiquistas têm todos os motivos para se sentirem apreensivos, ou não tivessem visto voar 30 milhões (mais do que recebemos pelo desfalque do plantel) sem o critério e o retorno desejados e a equipa ser desguarnecida em posições-chave que nos têm pesado na alma.
Por melhores que sejam as opções tácticas do treinador, a matéria-prima é - poucos o discutirão - qualitativamente inferior à do ano passado. O plantel é hoje menos homogéneo, e isso tem posto a descoberto que os recursos do nosso banco de suplentes - tão elogiado o ano passado - não eram assim tão vastos e fiáveis. Senão vejamos.

Baliza: saiu Quim, entrou Roberto, continuam Moreira e Júlio César. Aqui radica o primeiro erro - e que erro!! - da gestão desportiva. Se a ideia do JJ era operar um "upgrade" nesta função tão peculiar na equipa, nunca deveria ter arriscado tanto. Lá diz o sábio Povo: antes um pássaro na mão do que dois a voar, antes um Quim na mão (discreto mas seguro) do que 8,5 milhões a voar!
Como vimos, JJ confia pouco em Moreira e em Júlio César, senão já teria apostado nalgum deles perante as ostensivas lacunas do Roberto. Por isso ainda menos inteligível se torna a dispensa do guardião totalista nas provas que conquistámos a época passada. Se o argumento para preferir Moreira a Quim era a da necessidade de ter jogadores formados no Clube, por que dispensámos o Miguel Vítor?
Bem, parece que a aposta no espanhol é para manter, veremos é como reage o terceiro anel da Luz aos percalços de um homem que parece estar sempre sobre brasas...

Defesa: O único sector onde não se produziram alterações de monta. Entrou Fábio Faria, é certo, mas poucos acreditam que o seu futuro imediato passe pelo Estádio da Luz. Esta era uma posição que viveu muito dos seus titulares o ano passado, e bastou o desgastante Mundial do Máxi e a lesão do Luisão para trazer a tremideira e a ineficácia, especialmente visível nas bolas paradas. A indecisão quanto ao lugar do Fábio Coentrão também não ajudou, porque Peixoto não é bom em lado nenhum, e a carreira brilhante daquele a época passada não pode desabar só porque a saída do Di Maria deixou um vazio por preencher. Coentrão a lateral tem de ser para repetir (as investidas desde trás prometem desbaratar os autocarros dos adversários), mas falta-lhe concorrente, tal como a Maxi (embora Amorim possa atenuar a falta deste).
Apesar destas dores de cabeça, em minha opinião é no centro que está o grande problema da nossa defesa. Faria ou Sidnei não fazem de todo esquecer David Luiz e Luisão quando algum esteja indisponível, como agora. Ora, as birras do capitão (alguma vez foi desrespeitado pelo SLB para vir carpir mágoas na comunicação social?) e a actual instabilidade emocional do 23 (os rumores constantes sobre o seu futuro não ajudam nada) deixaram a equipa permeável a um número de golos a que não estávamos habituados.

Meio-campo: a fatia de leão dos problemas defensivos e ofensivos da equipa nasce do meio-campo. A saída de Di Maria e Ramires deixou sobre as nossas cabeças dois grandes fantasmas, que nos vão atormentar até que haja quem os substitua satisfatoriamente. Amorim é pau para toda a obra mas daí a fazerem-no de ala vai uma boa distância (Quique tentou, e lembram-se no que deu), quanto à ala esquerda não vejo assim de repente (e sem repente) quem a possa ocupar. Se calhar, não dispensar o jovem Urreta ajudava, pois sempre que foi chamado correspondeu e a abalada do argentino era a sua grande oportunidade de afirmação. Agora, vamos ter de contratar alguém à pressa, na pior das hipóteses obter um empréstimo para apresentar algum jogador com pompa e circunstância, agora que a contestação cresce.
Como é evidente, a fragilização dos flancos tem penalizado toda a equipa, a começar na defesa, continuar em Aimar (sempre preso por arames) e a terminar no ataque, quase exclusivamente fornecido pelas arrancadas do Coentrão ou, até, do David Luiz.
Martins é joker para sair do banco, não para ser titular.

Ataque: soluções não faltam: Cardozo, Saviola, Kardec, Jara, Weldon, Rodrigo, Nuno Gomes, Mantorras (lol), Makukula (este, dispensado). Dava para alimentar três ou mais equipas da liga portuguesa. Há algum exagero nisto tudo, ao todo está aqui concentrado um investimento financeiro colossal, que não valoriza porque dois deles têm lugar assente no onze com exclusão dos outros. Sobra muita gente. Embora JJ goste de lançar pontas-de-lança em situações de aperto, essa nunca será uma situação conveniente aos nossos interesses. Rodrigo talvez seja adaptado a extremo, mas a percentagem de sucesso destas derivações é reduzida.

Não me sinto contente com muitas das decisões tomadas, e o tempo aperta. Nesta altura já o plantel devia estar definido há muito, mas vamos continuar há espera de algum milagre que inverta a espiral negativa em que entrámos. Ou não se chamasse o treinador... Jorge Jesus.
Abraço

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