O Cantinho do André

Recordação do maior amigo que tive, que foi também o maior Benfiquista que conheci. Apesar da Tua morte tão prematura, que levou um jovem, mas sobretudo um Grande Homem, a Tua vida permanecerá para sempre como uma dádiva para quem teve a sorte de Te conhecer. Agora onde os justos descansam, e livre da doença que Te tolheu o corpo mas não o espírito, eu sei que ainda vives connosco. Obrigado, e desculpa, André.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sofrimento desnecessário

Football Club Twente 2-2 SLB Um Benfica de trabalho assegurou esta noite um empate que, por um lado, foi lisonjeiro, pelo sufoco que sofremos na segunda parte, mas por outro lado sabe a pouco, porque a vitória esteve perfeitamente ao alcance.
O princípio de jogo foi terrível para nós. A entrada agressiva em campo foi rebatida da pior maneira com um golo madrugador dos holandeses, que aproveitaram algum espaço em frente à nossa defesa para aplicar um remate forte que abriu o marcador. Acusando o toque, consentimos a posse de bola ao adversário, sentíamos grandes dificuldades para recuperar bolas e sair a jogar e não se via forma de sacudir a pressão.
Somente à passagem dos vinte minutos o Benfica deu finalmente acordo de si. Temia-se o pior até que Cardozo resolveu empregar a mesma receita do golo holandês. Aimar recuperou a bola em zona avançada e deu curto para o paraguaio se aventurar num remate de belo efeito. A partir daí, a equipa desinibiu-se e comandou os ritmos, culminando com a jogada magistral que nos adiantou por fim no placard.
Uma jogada para ver e rever: Cardozo endossa a bola a Witsel, que friamente abdica de rematar à boca da baliza para dar o golo a Nolito. Mais um golo do espanhol que tem feito mossa nas defesas contrárias.
A segunda parte foi de assédio holandês à baliza de Artur. O Benfica foi perdendo as rédeas do jogo à medida que o futebol de Aimar foi desaparecendo num jogo intenso mas nem sempre bem disputado. Se mais golos não sofremos neste período, muito o devemos a Artur, que ia adiando o golo do empate para desespero dos holandeses. Nem as substituições de JJ remendavam os rombos no barco, que sulcava águas cada vez mais revoltosas.
Tanto o cântaro foi à fonte que lá ficou a asa. Já perto do final Ruiz devolveu o empate ao Twente, num lance claramente irregular, mas que acabou por fazer justiça num jogo que podíamos ter controlado muito melhor.
Temos ainda muito a evoluir para termos uma equipa à altura das exigências do Clube. É desconcertante ver que gastámos 12 milhões em Bruno César e Enzo mas ter os humores da equipa completamente dependentes do estado físico de Pablo Aimar. É desconcertante ver um meio campo onde só Javi Garcia se dispõe a defender e fechar espaços. É ainda desconcertante ver como estamos dependentes de Cardozo, de muito longe o nosso melhor avançado, mas que parece à deriva num esquema que não se adapta às suas características.
Muitos problemas que urge resolver, porque este Benfica é ainda demasiado permeável e os 5 golos que sofremos nos últimos 3 jogos devem dar o grito de alerta.
Abraço

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Cardozo só precisa que o compreendam

Claramente marcado por alguns adeptos de memória curta, que lhe não perdoam a série de jogos sem marcar e o estilo algo desengonçado e mesmo lento em campo, Cardozo tem sido o mal amado do plantel nesta fase de início de época. É-o até mais do que alguns jogadores que há bem pouco tempo disseram não se sentir bem no Benfica, e que mais se expuseram à desconfiança dos adeptos, com os quais o povo do Benfica está já, aparentemente, em vias de reconciliação.
Se há jogador injustiçado no Benfica, esse jogador é Óscar Cardozo. Por muito que desejássemos um jogador mais completo, o certo é que os Weldons, os Bergessios, os Kardecs, os Suazos e outros com os quais coabitou na Luz não deixaram melhor impressão do que o paraguaio.
Por muito lento e tosco que seja, o Tacuara executa como poucos a única tarefa que pode assumir. Não lhe podem pedir que venha à linha, que faça sprints, que parta os rins aos defesas contrários, assim como não podem pedir ao Artur que marque golos.
Cardozo nasceu com limitações evidentes que tornam previsível a manobra ofensiva da equipa? Sem dúvida. Mas quem negará que é um finalizador nato, difícil de substituir neste momento?
Não acredito que Cardozo saia neste Verão, porque o mercado não está para loucuras e a verba avançada pela imprensa como preço do paraguaio é demasiado alta para o seu corrente valor de mercado. Por isso, reabilitar o nosso artilheiro deve ser prioridade.
O facto é que Cardozo não esteve na última época ao melhor nível e este ano não tem sabido avivar o seu namoro com as redes adversárias. É verdade que no ano transacto contraiu uma lesão longa que pode ter prejudicado os seus números e que os adeptos do Benfica quase sempre tiveram pouca paciência com ele, talvez por acharem acessíveis os Drogbas e os Rooneys.
Mas tudo isto pouco ajuda a explicar o problema se não tivermos presente que a equipa de 2010/11 era substancialmente diferente da de 2009/10, ou que a equipa para 2011/12 não está montada a pensar em Cardozo.
Óscar nunca mais teve um extremo que o servisse como Di María, tanto Gaitán e Salvio como agora Enzo e Nolito privilegiam os movimentos interiores que não favorecem da melhor forma as características de um ponta-de-lança fixo como Cardozo. Por isso, sai muito mais do que devia da sua área de acção, sendo raras as vezes em que tem a bola a jeito para aplicar o potente pé esquerdo.
Do que precisa Cardozo para mostrar a veia goleadora? Compreensão. Dos adeptos e da equipa.
Abraço

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Golito dá passagem


Trabzonspor Külübu Resmi 1-1 SLB
Um golo de Nolito bastou para segurar a vantagem amealhada há uma semana e passar à última eliminatória de acesso à Champions. No quente ambiente turco, jogámos o quanto baste para controlar os acontecimentos. O que mais me agradou foi sem dúvida a forma como a equipa praticou a pressão alta e a defesa, nomeadamente a dupla de centrais, mostrou entrosamento.
Alertados por JJ para a falsa sensação de conforto com que partiam para a Turquia, os nossos entraram em campo com vontade de sentenciar de vez as contas. Nolito voltou a dar nas vistas, sobretudo no primeiro tempo e, apesar de ser cedo para avaliar da sua qualidade, mostrou frieza na hora de definir. Saviola assistiu para golo o espanhol e eis que as esperanças da formação turca praticamente sucumbiram ao minuto 20'.
O Trabzonspor aplicava a mesma receita da Luz, passes longos em busca da velocidade de Burak, mas raramente assustou Artur, que presenciou uma exibição desafogada dos seus companheiros neste período, com muita posse de bola, mas também muita inconsequência.
Mas nem tudo foram bons apontamentos na primeira parte. Muito castigadores no nosso lado direito, o adversário explorou bem a falta de apoio que Máxi teve por parte de Gaitán ao lançar um contra-ataque que daria no golo da igualdade.
As equipas partiam para o intervalo com a eliminatória quase decidida, e um recomeço de jogo pouco intenso deixava adivinhar que o Trabzonspor não teria argumentos para inverter o rumo dos acontecimentos. O Benfica ia trocando a bola sem grande ânsia, e desperdiçava ocasiões de golo de forma algo displicente.
Sentiu-se, e muito, a falta de um ponta-de-lança que desse expressão ao caudal ofensivo, mas nem quando a expulsão de um dos seus elementos deixou a equipa de Trabzon praticamente moribunda JJ se dignou pôr em campo Cardozo e investir para a jugular da vítima. Prenúncio do adeus do paraguaio?
O Benfica regressa assim a casa sem a vitória mas com a passagem no bolso, após disputar o primeiro jogo da sua história em que não alinhou qualquer português e após marcar o seu primeiro golo em solo turco.
Abraço