O Cantinho do André

Recordação do maior amigo que tive, que foi também o maior Benfiquista que conheci. Apesar da Tua morte tão prematura, que levou um jovem, mas sobretudo um Grande Homem, a Tua vida permanecerá para sempre como uma dádiva para quem teve a sorte de Te conhecer. Agora onde os justos descansam, e livre da doença que Te tolheu o corpo mas não o espírito, eu sei que ainda vives connosco. Obrigado, e desculpa, André.

domingo, 20 de junho de 2010

A (desastrosa) época das modalidades

Terminou hoje a época do SLB no que às suas principais modalidades (futsal, andebol, voleibol, basquetebol e hóquei em patins) diz respeito. Sem querer meter todas no mesmo saco, o balanço é muito mau, atendendo ao número de modalidades do nosso Clube e às expectativas que os sócios legitimamente tinham.
Antes de avançar para a análise específica de cada uma delas, importa dizer que a origem dos problemas e dos fiascos em certas modalidades não pode ser apontada aos atletas que honram e suam a camisola encarnada, ou aos adeptos.

1. Futsal (vencedor da Taça UEFA, vencedor da Supertaça, 2.º classificado do campeonato nacional, finalista vencido da Taça de Portugal)
O futsal, depois de três épocas em que conheceu o sabor da vitória, deu-nos este ano o céu e o inferno, a consagração na prova europeia que nos faltava e o sofrimento de quase ganharmos as competições internas mas as vermos voar da forma mais inglória.
Atendendo à qualidade do plantel, exigia-se mais, muito mais. E a equipa parecia encaminhada para uma época inesquecível, após uma conquista europeia que muitos julgavam impossível.
A responsabilidade pela frustração do objectivo principal (manutenção da hegemonia interna) não é, naturalmente, solitária. Começa pela direcção, que não soube rejuvenescer uma equipa experiente mas já muito desgastada, continua no treinador, que tinha à disposição a melhor equipa portuguesa (apesar do forte investimento feito pelo Sporting CP), à própria sorte e frieza que faltaram nos momentos da decisão.
Uma coisa é certa, fomos demasiado frágeis defensivamente, e não vai ser fácil retomar o trilho do sucesso.

2. Voleibol (2.º classificado no campeonato, finalista vencido na Taça de Portugal)
O voleibol viveu, depois de 2 anos arredado das grandes decisões na modalidade, uma época de maior afirmação, mas inevitavelmente marcada pelo "quase". Depois de uma derrota frustrante em Coimbra, na final da Taça de Portugal, poucos nos davam chances na disputa do título principal, frente ao forte SC Espinho.
Mas foi precisamente aqui que a equipa surpreendeu, chegando a estar com uma vantagem de 2-0 mas permitindo a recuperação do adversário para o 2-3, selado na negra em Espinho. Como disse José Jardim, sentimos na pele a máxima de que dois pontos separam o céu do inferno, dois míseros pontos nos separaram da glória.
Quanto ao responsável, seguramente não será o técnico, que se viu na necessidade de construir nova equipa, porque a promessa de fortalecer a aposta na modalidade não foi cumprida pela direcção e chegou novo carregamento de estrangeiros para integrar e fazê-los jogar como equipa.
Será decisivo para o nosso futuro garantir a renovação das pedras mais talentosas, como Pedro Dornelas, mas também reforçarmo-nos com jogadores portugueses ou já conhecedores do nosso campeonato. Não foi por acaso que em 2004-2005 conquistámos o último título com jogadores como o André Lopes ou o Carlos Teixeira...

3. Andebol (terceiro classificado no campeonato, eliminado na Taça de Portugal, na Taça EHF e na Taça da Liga)
Se há o exemplo perfeito de uma modalidade preocupante, onde a incompetência é virtude e o mérito punido, essa modalidade é o andebol. Falhámos rotundamente em tudo o que podíamos ter acertado, acabámos o campeonato a 12 (!) pontos do vencedor, tivemos uma prestação grotesca na Taça da Liga (último lugar, se não me engano) e fomos afastados da Taça de Portugal por uma equipa claramente inferior.
Pois bem, qual a atitude da direcção perante tão monstruosa "débacle"? Reitera os votos de confiança no treinador (quando cá chegou éramos campeões, agora somos alvo de chacota quando se fala em andebol) e diz que tudo não terá passado de umas arbitragens pouco conseguidas e das dificuldades (muitas, imagino) em preparar a época.
Se queriam atirar poeira para os olhos das pessoas podiam ter encontrado uns argumentos mais elaborados. Afinal, nenhuma equipa tem um percurso tão "acidentado" por culpa dos árbitros, e a dificuldade em preparar a época, que tantas falhas desculpou, não pode ter costas tão largas.
O que aconteceu esta época foi o mesmo que na anterior, embora elevado ao cubo: falta de liderança, de espírito colectivo e aguerrido, e também falta de soluções na equipa.
Se a culpa nesta modalidade tem um rosto, o do treinador, os verdadeiros causadores desta situação são os dirigentes da secção, insistem num perdedor nato, e assistem passivamente ao rejuvenescimento dos principais opositores, que vão coleccionando tudo o que é jovem promissor na modalidade enquanto nós temos uma equipa envelhecida e inerme.

4. Hóquei em Patins (vencedor da Taça de Portugal, vencido na Supertaça, eliminado na Taça CERS e 5.º classificado no campeonato nacional)
O outro exemplo acabado do deixa andar e do demérito dirigente nas modalidades do SLB. Diga-se, a começar, que o que parecia mais um ano de uma seca longuíssima (desde 2002, salvo erro) até terminou em beleza, com a conquista da Taça de Portugal. Diga-se, também, que ao menos aqui o máximo responsável pela secção (Ramalhete) foi coerente e bateu com a porta face a mais uma ruinosa época.
Mas NADA desculpa ou atenua a continuação de um pesadelo interminável no nosso hóquei. A situação é de tal gravidade que o próprio presidente já deixou a ameaça de extinguir pura e simplesmente o nosso hóquei, como que sacudindo a água do capote.
Convém que não se esqueça de que o definhamento da equipa de hóquei se deve às opções erradas que vêm sendo tomadas pela direcção que ele próprio preside, e que culminaram na entrega de toda a modalidade, desde os seniores aos escalões de formação, às mãos de um incompetente tendo-se desde então assistido a sucessivos desaires da equipa principal e à debandada das nossas pérolas da formação. Outrora motivo de orgulho para o SLB (deu-nos, por exemplo, Diogo Rafael) e servida por gente competente e dedicada, a nossa formação está agora à deriva, seguindo o modelo desastroso que Sénica implementou na equipa principal.
Se a ideia de Vieira continua a ser mudar para pior, então que se acabe já com o hóquei, pois o passado de grandes conquistas e de grandes profissionais não merece este caótico presente. Mas então que se assuma a incompetência de quem não foi capaz de criar as condições para ganhar um título em mais de dez anos. Com pior treinador e pior equipa, do que estava ele à espera?

5. Basquetebol (vencedor da Supertaça, do campeonato, eliminado da Taça de Portugal, da Taça Hugo Santos e do Troféu António Pratas)
Finalmente uma modalidade em que possamos dar por cumpridos os principais objectivos: sagrámo-nos bicampeões e, com investimento reduzido, superámos quem tanto investiu (até no seleccionador nacional...). Apesar de não termos sido brilhantes em competições não tão importantes, a nova dream team no basquetebol Benfiquista confirmou a sua qualidade e proporcionou-nos a alegria do ano quanto a modalidades.
Mérito ao treinador e aos bravos jogadores, que não deixaram dúvidas quanto à melhor equipa portuguesa. Quanto ao futuro, urge o rejuvenescimento da equipa, pois os nossos melhores jogadores estão na casa dos trinta e não terão muitos mais anos ao mais alto nível. A saída de João Santos para o FC Porto foi uma má notícia e temos de segurar o nosso núcleo duro e fazer prospecção de jovens portugueses, o que não será fácil face à crise geracional no basquetebol português.

Cinco modalidades, um só campeão nacional. É uma marca preocupante (piorámos o desempenho das modalidades por comparação com a última época) e que deve fazer reflectir os responsáveis pelas nossas modalidades, a começar pelo vice-presidente, que gosta de dar a cara no sucesso mas se esconde na hora da derrota. O investimento nem sempre foi bem canalizado, e é bom que desta época se tirem ilações para a preparação da próxima. Se assim não for, os resultados tenderão a manter-se e a piorar. Afinal, o SLB está muito longe de ser só um clube de futebol.
Abraço

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