O Cantinho do André

Recordação do maior amigo que tive, que foi também o maior Benfiquista que conheci. Apesar da Tua morte tão prematura, que levou um jovem, mas sobretudo um Grande Homem, a Tua vida permanecerá para sempre como uma dádiva para quem teve a sorte de Te conhecer. Agora onde os justos descansam, e livre da doença que Te tolheu o corpo mas não o espírito, eu sei que ainda vives connosco. Obrigado, e desculpa, André.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O patinho feio da facturação do Benfica

Foi hoje conhecido o estudo que anualmente é publicado quantificando o volume de receitas dos principais clubes mundiais. Num estudo onde o Benfica é o único Clube português a figurar nas contas finais, somos cotados como o 26º clube mundial em valor absoluto das receitas no período 2009/2010: ao todo 98, 2 milhões. Em época de carestia, quedamo-nos a menos de 20 milhões do lote dos 20 primeiros (que já integrámos uma vez, em 2005/2006). Naturalmente, sendo isto muito meritório num país com um mercado limitado como Portugal, não só em número de habitantes como em poder de compra, pouco ou nada revela sobre o que realmente interessa: a consolidação e sustentabilidade das nossas contas.
Mas o que este estudo vem demonstrar de realmente interessante é o peso específico de certas fontes de receita. Assim, na classificação das receitas de bilheteira, ocupamos um impressionante 11º lugar (recorde-se como é consensual em Portugal a falta de espectadores nos recintos desportivos); ao passo que nas receitas comerciais (vulgo, merchandising), estamos em 17º!
O que faz, então, arrastar as nossas receitas para um - mesmo assim, honroso - 26º lugar?
A resposta só pode ser uma: as receitas provenientes dos chamados "direitos televisivos". Aqui está o "calcanhar de Aquiles dos nossos réditos. Este problema já foi bem esmiuçado e continua a suscitar posições acaloradas dos Benfiquistas, apesar de já ter barbas.
O problema destes direitos eclodiu ainda o ladrão e foragido presidia a este Clube, com a resolução do contrato de cedência dos mesmos à Olivedesportos, empresa que, apesar de os adquirir, não detinha licença de transmissão televisiva, limitando-se a revendê-los à RTP. O fundamento de tal decisão prendia-se com a impossibilidade de o Clube, organizador do evento desportivo, transmitir o direito à sua transmissão audiovisual a uma entidade que não o podia exercer de facto, por não ter licença de transmissão, o que ditaria a nulidade do contrato. Acto contínuo, contratámos com a SIC, que dispunha da referida licença, a cedência desse direito.
A Olivedesportos recorreu a Tribunal, e a querela prometia pano para mangas, mas foi solucionada com a chegada de Vilarinho. Confrontado com um cenário calamitoso, e perante rumores de que o Supremo se preparava para dar procedência ao recurso da Olivedesportos, o que afundava o Clube ainda mais, chegou a um acordo leonino para a Olivedesportos e miserável para o Benfica, mas que era o único balão de oxigénio para o momento de aperto.
E é este o acordo, celebrado em 2000/2001 mas que só termina em 2013, que ainda estrangula a fatia das nossas receitas resultante das transmissões televisivas. Hoje em dia, recebemos por ano uma quantia inferior aos 10 milhões de euros, praticamente tanto como os outros dois "grandes", apesar de os nossos jogos terem uma audiência francamente superior e de esse ser um valor irrisório tendo em conta a rentabilidade das transmissões dos nossos jogos.
É verdade que estes direitos incidem apenas sobre os jogos da Liga que realizamos em casa (15 por época), assim como as receitas de bilheteira também estão dependentes dos jogos em casa. Mas num tempo em que o sucesso comercial dos espectáculos desportivos se mede pelas audiências e não pela afluência às bilheteiras, e os milhares que assistem aos nossos jogos nas bancadas são largamente superados por aqueles que assistem pela televisão aos nossos jogos, e quando a Olivedesportos já não nos tem de joelhos, faz sentido reflectir com cuidado o destino que vamos dar a estes direitos.
Com o surgimento da Benfica TV, deixámos de estar sujeitos ao monopólio da Sport tv, embora este trunfo seja de eficácia duvidosa, pois o benefício directo em publicidade (e recorde-se que a Benfica TV é um canal do pacote de desporto da MEO, que não é líder de mercado, ao contrário da ZON) dificilmente seria superior aos milhões que a Olivedesportos pode oferecer.
Ora, é aqui que surgiu a promessa de um novo operador no mercado das transmissões televisivas de desporto, no projecto de Rui Pedro Soares e Emídio Rangel, os quais já adquiriram os direitos de transmissão da Liga Espanhola a partir de 2012. Não vou entrar em especulações, mas se houver mais do que uma proposta pelos direitos, será muito benéfico para nós.
Aí o que deve decidir é o valor e condições das propostas. Nem me importo que continue a ser a Olivedesportos o nosso parceiro, desde que apresentem a melhor oferta. Temos é que ter muita cautela com a duração do novo contrato, para não hipotecar o futuro. Em todo o caso, já não falta muito tempo para 2013...
Abraço

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