O Cantinho do André

Recordação do maior amigo que tive, que foi também o maior Benfiquista que conheci. Apesar da Tua morte tão prematura, que levou um jovem, mas sobretudo um Grande Homem, a Tua vida permanecerá para sempre como uma dádiva para quem teve a sorte de Te conhecer. Agora onde os justos descansam, e livre da doença que Te tolheu o corpo mas não o espírito, eu sei que ainda vives connosco. Obrigado, e desculpa, André.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O "day after" do título (reflexões)


Terminada a temporada oficial da nossa equipa, urge fazer um balanço dos aspectos positivos e negativos do futebol do SLB. Felizmente, e como o demonstra a conquista de dois títulos oficiais, entre eles o de campeão nacional, foram mais os primeiros que os segundos. Não vou entrar em apreciações técnico-tácticas ou físicas, mas das políticas de contratações e de comunicação.

1.Política de contratações (e dispensas): é verdade que quando o treinador é competente (como JJ) é mais fácil os jogadores aproximarem o seu rendimento do seu real valor, mas creio ser sentimento unânime que esta época assistimos a um grau de aproveitamento nas nossas aquisições que há muito a Luz não conhecia.
Se muitos esfregavam as mãos pela saída de grandes nomes como Suazo, Reyes e Katsouranis (especialmente estes dois), deixaram de o fazer graças à vinda de Saviola e Weldon, Ramires, Javi e Airton, que multiplicaram o investimento feito.
Isto deve-se, sem dúvida, ao nosso departamento de futebol, que soube direccionar a aposta para jogadores jovens ou acessíveis, de pouco currículo e de campeonatos competitivos. Outro ponto importante foi o abandono (com uma excepção) dos empréstimos, que promovem a instabilidade no plantel e, a meu ver, não trazem mais-valias financeiras ou desportivas a um clube como o SLB.
Um dos problemas que havia o ano passado era o de excesso de vedetas, jogadores que encaravam o clube como uma breve passagem por um campeonato menor. A maior parte dos reforços desta época precisava do SLB para se afirmar no futebol europeu e não fazia birra por ficar no banco.
Este é, claramente, um ponto que desejo repetido neste defeso, e as contratações asseguradas, pelo menos, deixam água na boca...
É certo que nem tudo foi um mar de rosas. Kardec e Éder Luís continuam longe de corresponder às expectativas, Júlio César, Keirrison e Menezes falharam na primeira época de águia ao peito.
Se no caso do guarda-redes e do médio se justifica o empréstimo, Keirrison (curiosamente o único que veio emprestado) foi um "nado morto" no futebol do SLB e a sua dispensa não surpreende quem viu os seus jogos.
Houve erros, como não podia deixar de h
aver, mas o saldo é claramente mais positivo do que em épocas passadas, e aqui reside um dos factores do nosso sucesso.

1.1 Perspectivas de futuro: sou sincero: só estou preparado para a saída, a título definitivo, de Moreira e Di Maria. Se a saída do primeiro é inevitável pela falta de segurança nas raríssimas vezes em que foi escalado, a do segundo é facto público há muito tempo anunciado.
Tal como a de Di Maria, a eventual transferência de jogadores do nosso plantel só deve admitir-se pelo valor da cláusula de rescisão, e se o argentino parece destinado a abandonar a Luz, a coberura de cláusulas de rescisão de outros atletas seria inesperada e obrigar-nos-ia a procurar alterantivas incertas no mercado.
Como a maioria dos Benfiquistas espero que não saiam mais jogadores, pois o dinheiro não é tudo, como se viu depois da saída do Simão. O jogador de quem se fala, David Luiz, já prometeu mais uma época (embora o futebol seja fértil em surpresas...), e espero que seja acompanhado pelos companheiros de equipa neste estado de espírito.
Passando aos reforços do plantel, além dos já conhecidos Faria, Jara e Gaitán, espero por mais um guarda-redes e por um lateral esquerdo.
A posição de guarda-redes é há muito discutida na Luz (desde o fim da carreira do Preud'homme?) e, malgrado reconheça Quim como um grande guarda-redes, que nos será ainda muito útil, os anos começam a pesar e precisamos de outro "galo" para o "poleiro". Eduardo, que tem sido falado, parece boa opção, embora a cláusula de rescisão me pareça inflacionada, e dificilmente o seu clube aceitará negociar connosco.
Restará talvez uma solução estrangeira, apesar do número já excessivo de estrangeiros no nosso plantel.
Quanto à posição de lateral esquerdo, nem Fábio Coentrão nem Peixoto são especialistas do lugar (este com a agravante de ser atreito a lesões), e esta carência de um lateral consistente a defender mas que faça o corredor (a SAD chegou a ponderar um mas foi desviado para outras paragens) fez-se sentir e muito esta época, sobretudo frente a equipas de boa valia ofensiva.
Em certa medida responsável pelos desaires de Braga e Liverpool, é altura de a ausência de um lateral esquerdo completo ser colmatada este defeso.
Quanto à posição que Di Maria ocupava, sempre teremos Urreta, Coentrão e, ao que dizem, Gaitán. Nenhum deles, certamente, com o génio do argentino, mas esperar um substituto à imagem do Angelito seria tão ingénuo como acreditar que as arbitragens prejudicaram o Braga.

2. Política de comunicação: Ao contrário de distintos bloggers Benfiquistas, não me parece que a política de comunicação tenha prejudicado a caminhada do Campeão. As insinuações do Domingos e do Jesualdo e companhia intoxicaram a opinião pública e deram uma imagem errada do que foi este campeonato? Infelizmente sim, mas de nada valia termos respondido à letra e incendiado ainda mais os ânimos e os clamores contra nós.
Neste país, em que uma borboleta desencadeia um tufão nos mares da China, qualquer reacção oficial do SLB é automaticamente extrapolada e usada pelos nossos adversários como pretexto para os seus ataques e a sua vitimização.
Gostaria, mais do que ninguém, que o SLB pudesse ter uma reacção pronta e enérgica para todas as encomendas, mas isso além de não ser eficaz (e possível?) apenas desviaria as atenções para questões laterais, premiaria os nosso detractores com uma visibilidade e importância que não merecem e não protegeria o grupo de trabalho.
A caravana que prossiga. Se há cães que gostam de ladrar, ladrem sozinhos.
Alcançámos o êxito devido (em parte) à actual política de comunicação, e não apesar dela.

Gostaria de terminar com a análise adiada de duas questões importantíssimas e que não tiveram o destaque que deviam, a começar por este blog.
1. Estatutos: foi há poucos dias aprovada uma significativa revisão dos estatutos do SLB, que nalguns pontos foi, quanto a mim, aberrante (salvo o devido respeito a quem votou a sua aprovação) e preocupante.
Condicionar a candidatura à presidência do Clube (e já nem falo em outros cargos de direcção, que nem deviam ter qualquer limitação em anos de filiação) aos 10, no máximo 15 anos de associado efectivo faz algum sentido num Clube que já elegeu gente que nem devia ter transposto a soleira do estádio, embora só por si não garanta qualidade.
Agora limitar a candidatura a quem tenha mais do que 25 (!!!!!) anos de filiação efectiva, ou seja, a quem tenha pelo menos 43 anos de idade e 25 de sócio, e estender a duração dos mandatos de três para quatro anos é um escândalo, tenham sido 100 ou tivessem sido 100 mil os sócios votantes.
Vieira, que tanto apregoa ter centrado o Clube nos sócios, é afinal o primeiro a afirmar a sua menoridade intelectual (só assim se entende limitar desta forma quem pode submeter uma candidatura a votação) e a propor a sua própria eternização no cargo (pelo qual, rezam as crónicas, nada recebe), à boa maneira Chavista.
Não tenho qualquer problema em reconhecê-lo como uma das traves mestras da reconstrução do Clube, mas felizmente já havia Benfica antes de Vieira e continuará a haver depois dele.
Espero que esta direcção não se tenha esquecido disto, e a "normalidade democrática" seja reposta no SLB o quanto antes, com a revogação destas cláusulas inaceitáveis para a democracia interna no Clube.

2. Liga: Ao contrário de outros, que afirmam não se interessar mas candidatam administradores seus à Liga, nós devemos preocupar-nos, pois foi aqui que radicou grande parte da podridão que grassava no futebol português.
Para mal dos nossos pecados, a influência que temos na liga e nos outros clubes portugueses é pouco mais do que zero, porque os presidentes dos outros Clubes comem todos na mão do PC, ora porque precisam de emprestados ora por ligações pouco claras, e são eles quem decide a eleição.
Pouco podíamos fazer, em boa verdade, perante a anunciada apropriação da liga de clubes, mas a forma como passivamente permitimos esta jogada vamos pagá-la bem caro. Que o futuro me desminta.
Abraço

Sem comentários:

Enviar um comentário